RESPEITO À RELIGIÃO ALHEIA
RESPEITO À RELIGIÃO ALHEIA


Quando eu vejo no noticiário a violência que grassa no mundo ligada às crenças religiosas, lembro que tive um exemplo de que nada disso tem lógica ou respaldo em qualquer texto religioso, pois religião e violência são opostos.  Vejamos:

Muitos anos atrás (bota muitos nisto), tive uma lição de vida extremamente importante e que, somente bastante tempo depois passei a entender e a seguir os ensinamentos que ali tive.

Eu tinha recém-completado 11 anos de idade, era um menino bobinho e sem conhecimento de vida suficiente à época para ver a importância do que via naquele momento, estava no primeiro dia de aula do ginásio no Colégio Pedro II, em minha primeira aula, uma aula de desenho, quando entrou o professor na sala acompanhado de 3 alunos veteranos, carregando um vaso de cerâmica enorme, em forma de ânfora, e um banco de madeira alto.

Necessário aqui se descrever a sala de desenho em que estávamos, eu e outros perto de 40 alunos, tão bobos quanto eu.  Era uma sala em que as carteiras eram colocadas em forma de ferradura e em níveis diferentes – uma “escada de carteiras”.

O professor, uma pessoa de mais ou menos 40 anos de idade, sério, sem sorrir, mandou colocar o vaso no centro do semicírculo e esse vaso tinha fileiras de desenhos colocados horizontalmente – flores, casas, bichos etc – cada fileira horizontal com um tipo de desenho diferente.

Os alunos foram arrumados de forma a que cada um tivesse um ângulo diferente de visão e o professor, sério, mandou que cada um desenhasse o que via do vaso.

Óbvio que houve vários comentários, meus e dos meus colegas de turma, de que não tínhamos ainda nenhuma noção de como desenhar o que nos havia sido pedido.

O professor, imperturbável, disse que não importava que os desenhos fossem horríveis e sem qualquer técnica, pois o importante era mostrarmos o que estávamos vendo.

Colocados em pontos e alturas diferentes, claro que cada desenho mostrou um vaso diferente, como se fossem vários vasos.

Colocados os desenhos no quadro negro, era impossível não ver que nenhum mostrava a mesma imagem que o outro.

O professor então disse uma coisa que ficou no meu subconsciente pelo resto da vida, ainda que incompreensível à época: OS DESENHOS ERAM DIFERENTES MAS O VASO ERA O MESMO, APENAS VISTO DE ÂNGULOS DIFERENTES.

O significado disto só me veio realmente anos depois, lá pelos 18 anos de idade: NÃO IMPORTA QUE VEJAMOS AS COISAS DE FORMA DIFERENTE e, no caso das religiões, cada uma vê Deus de uma forma diferente, dá a Ele um nome diferente, mas Ele é único, Aquele que criou este mundo em que vivemos, que nos criou e nos fez o que somos.

Ora, porque temos que achar que os outros, que professam religiões diferentes da nossa, está errados e somente nosso entendimento é que está correto?  Nem mesmo dentro de uma mesma religião as opiniões podem divergir, porque então temos que achar que as opiniões dos que professam outras religiões estão sempre errados e somente nós é que estamos certos?  Porque se mata em nome de preceitos religiosos?

Acho que devemos, acima de tudo, respeitar a visão religiosa dos outros e também sermos respeitados, pois só podemos ter o respeito dos outros se soubermos respeitar esses outros.